segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

ingrato

ingrato.
essa palavra ouvi hoje.
é oferecido um presente que não foi pedido, que inclusive foi falado "não compre isso pra mim".
e depois ouço esse tipo de coisa. Ingrato.

O que da errado pra acontecer isso?
falha de comunicação, não foi. Informo que não quero, espero por uma confirmação, "entendeu?" e recebo um "sim, entendi". e passa um tempo e ganho o 'presente de grego'.

Vai entender?

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

velocidade > qualidade

fim de um ciclo.

fui desligado do applebee´s.
o motivo oficial, foi eu não ganhar velocidade no preparo dos drinks.

O ponto que me pega, é que eu valorizei o que me venderam com a marca. Qualidade.
Eu sacrifiquei velocidade pela qualidade. Se o copo não estava limpo, eu limpava.
isso é real.

Outra parte minha presente foi o esforço. Não ficava ocioso, tentava auxiliar ao maximo.
Porem parece que meu respeito atrapalhou tambem, pedia permissão para fazer coisas, como ir pegar produto no estoque seco. Foi um dos pontos levantados como "esse lugar não é sua cara".

Foi levantado que eu não aguentaria, que pediria as contas e era melhor me demitir primeiro.
Eu não desisti e nem pretendia.


..................


Eu me apaixonei por um ideal. Já conhecia platão e suas idéias, mas achava que por conhecer estava vacinado contra o amor platônico.
Errei.

Quando entrei na applebee´s, tive outra oportunidade garantida, porem o diferencial que me fez escolher a empresa foi o sinônimo de qualidade. E esse meu caro leitor, é um ponto que valorizo.
Uma vez dentro, trabalhei, me esforcei, fui pró-ativo e fui respeitoso.

Porem, se apaixonar por idéias é perigoso, pois costumam superar a realidade.
A decepção vem da expectativa gerada na idéia, não da realidade.  Resumindo-se, a queda de volta a realidade é maior. O que explica a dor deste momento.

Fiquei chateado.
Por saber que me esforcei.
seja fazendo os pedidos numa rigida qualidade.
seja por suar a camisa na limpeza detalhista.
seja por evitar desperdicios.
Por ter postura pró-ativa.
fazendo o que é pedido e quando era visivel precisar de algo, ja me prontificava a fazer.

Para minha infelicidade, toda a historia tem um "plot twist", e eis meu caro leitor o dessa.
Não foi isso que a empresa precisava.
A empresa precisa de velocidade.
Ponto.

Não é os pontos positivos que pesam, são os negativos.
Nunca foi um segredo isso, mas fui ingênuo mais uma vez.
E meu negativo foi, velocidade. Seja pela insegurança num momento, ou por limpar o copo que saia da maquina de lavar, ainda sujo.
Não foi apenas uma vez que ignorei o conselho de um colega dizendo "ta bom, entrega o copo assim mesmo", inclusive quando o copo tinha marca de batom.

Tentando analisar aonde esta a culpa, é infrutífero num todo, mas não pessoalmente.
O problema seria a Bill?
Não é da Bill, a Bill é a gerente geral, ela esta ali para coordenar as coisas. Como um maestro numa sinfonia.
Se a musica sai sem problemas perceptíveis, esta bom. Agora se falta um instrumento ela nota e corrige.
A minha velocidade abaixo do esperado foi perceptível.

O problema foi o treinamento?
Não é o treinamento, ele é um padrão na empresa. Por mais que as provas tenham traduções ruins que deixam ambiguidades, elas não tem peso significante no treinamento. Reforçado por os treinadores não instruir sobre o conteudo da prova. Muitos deles sentam e te passam a resposta ao faze-las. O peso final é o que o treinador achou do funcionario, não no conteudo da prova.

O que leva a conclusão que desagrada.

O copo esta sujo.
se eu ponho a bebida dentro, vai ser dificil notar a sujeira, logo nao vai ser notado pelo cliente que está entretido. E logo se preocupar em entregar perfeito a bebida se torna secundario, porque o tempo está correndo. E o tempo meu caro leitor, é o primario.
A sinfonia continua. Indiferente se faltou uma nota na musica. Se o cliente nao nota, está bom.

Bom. Eu procurava o excelente na infantilidade de acreditar que era o valor maior e indivisível.

O que leva a azeda conclusão:
-O errado fui eu em ser detalhista.
-O errado fui eu em ser correto.
-O errado fui eu em querer fazer direito.

Dói. O ideai que me foi vendido é uma ilusão. Não é, e não será o mais importante.
O meu perfil está errado.
O certo é Host que xinga os clientes e de forma hipocrita sorri para eles.
O certo é o cozinheiro que morde a sobremesa e da risada quando é perguntado quem foi.
O certo é como é.

O meu perfil que não bate.
Eu sou certo demais.
Sou educado demais.
Seu gentil demais.
Sou detalhista demais.

o que resume a ser lerdo.

E quando olho para o todo, "the big picture". E vejo que a raiz está plantada torta, que os alicerceres não estão bem feitos. E sinto a necessidade de falar, cometo o erro de escolher o momento errado.

Tentei chamar a tona que qualidade estava sendo sacrificada.
Mas ja tinha sido dispensado, tentar conversar sobre isso seria enfadonho e desagradavel, e tolamente tentei.
O que estragou meu ultimo contato com a Bill. E quando poderia sair bem da empresa, acabou por fechar a porta.

Hoje deixo de ser parte da empresa, se é que pode-se considerar parte da empresa no periodo de teste, e volto a ser cliente.

E como meu ultimo ato na empresa, divido minha opinião.
Talvez esteja a comprar outra ilusão, de que as palavras possam ter algum peso. É provavel que o feedback so seja um padrão inserido sem peso. Caso contrario essas poucas palavras podem dar nuancias que auxiliem a empresa melhorar.

E de alguma forma, esse funcionario que vestiu sinceramente a camisa terá fechado esse capitulo de um modo menos amargo.


moral da historia:
Primeiro vem a velocidade, depois a qualidade.
é esse o ritmo?


Sinceramente,
Lince